sexta-feira, 4 de setembro de 2009

"Algumas dores são passíveis de cura" (mas a maioria não!).


Conta uma “Lenda Real”, que certa feita um candidato a vereador de uma cidade muito longínqua, foi visitar uma comunidade muito carente, e com ele foi boa parte de sua equipe de coordenação de campanha. Lá chegando, o povo se reuniu e começaram a relatar todos os seus dramas e anseios, como se precisassem, bastava apenas olhar em volta, pois, era literalmente visível a condição sub-humana, que naquela localidade era latente e saltava aos olhos de quem por ali passasse. Comentaram de suas casas, a maioria construída com restos, encontrado nos lixos da “cidade civilizada”, tábuas e lonas plásticas em sua maioria; levaram até o candidato e a sua equipe, a maior necessidade que tinham naquele momento, ÁGUA!! Ali, objeto de debate, onde os moradores daquela comunidade, ao chegarem do trabalho, pegavam seus carrinhos de mão, os equipavam com baldes, garrafões e tudo mais que pudessem trazer repletos de água “potável”. Andavam cerca de dois quilômetros para chegar ao ponto onde seria possível conseguir trazer alguma quantidade do líquido, tão imprescindível à sobrevivência humana; carregavam o máximo que podiam e com mais dois quilômetros de caminhada (agora com um peso relativamente considerável), voltariam as suas residências para a execução dos trabalhos domésticos, preparar os alimentos, praticar suas higienizações pessoais e todas as outras atividades que seriam impossíveis sem o tal líquido precioso.




A população local, solicitou ao candidato a vereador, que os concedesse a benção de furar um “poço comunitário”, para evitar a tal peregrinação diária à obtenção do líquido mais precioso do planeta. Água! Que para uma minoria da população daquele país, era coisa redundante, pois bastavam-se abrir torneiras que tal líquido por ela escorria sem maiores esforços ou preocupações para saber como o mesmo veio parar ali e se esvair através de um ralo! Debateram e mostraram suas necessidades, pois era de fato justas e necessárias tal obra naquele local, mesmo sabendo que a obrigação para tal, estava agarrada ao poder público, não podendo este, em momento algum se isentar de tal obrigação. Coisa que o mesmo poder público faz questão de não se posicionar.




O candidato, apresentou seu belo discurso, colocando seu mandato a disposição daquela comunidade (se o mesmo se elegesse), para que como participante do poder público, pudesse lutar junto com os moradores dali, pela construção de tal poço, que era indiscutível sua necessidade mais que urgente. E que mesmo assim, olharia com bons olhos a sua condição financeira naquele momento, que conversaria com seus assessores, para ver a possibilidade de que do seu próprio bolso, construísse aquele tão sonhado projeto coletivo, que beneficiaria mais de mil moradores daquele local. Despedindo-se saiu para outra reunião!




Quando entrou em seu belo carro, o candidato olhou para o lado e disse ao seu principal assessor: “Fazemos ou não fazemos esse poço?” O Assessor, sem pestanejar respondeu: “Acredito que esse poço nos trará um custo de $$$$$, e analisando acho que não teremos os votos proporcionais a este gasto nesta região!”



O Carro saiu, foram à outra reunião, terminaram a noite em um restaurante, e até hoje aquele povo continua sua peregrinação em busca da fonte mais básica de vida humana!




Conta ainda, a “Lenda Real”, que o fantasma daquele poço, até os dias atuais atormentam as noites daquele assessor, e que se o mesmo pudesse voltar atrás, teria dito a mesma coisa a seu candidato, mas completaria assim “...mas se cada um de nós formos para a casa hoje e jantarmos em nossas casas, já teremos 25% do valor do poço daquele povo, e se fizermos o mesmo por mais três dias, teremos construído o poço daquele povo, e mesmo que percamos a eleição, deixaremos algum legado ao povo desta cidade!”


O tal assessor poderia ter mudado a vida de mais de mil pessoas, e isso pesa em sua mente!


Eu aprendi que para se crescer como pessoa é preciso me cercar de gente mais inteligente do que eu.